Uma onda de calor extremo deve castigar o sul da Europa nos próximos dias. Em muitos lugares, as temperaturas devem ultrapassar a marca de 40°C na Espanha, França, Grécia, Croácia e Turquia, com picos de até 48° em lugares como a Sicília, na Itália – uma situação extenuante para a população, animais e natureza. Segundo a agência espacial europeia Esa, as temperaturas mais altas já registradas na Europa podem ser alcançadas no próximo fim de semana. O atual recorde europeu é de 48,8°C, alcançado em agosto de 2021 na região da Sicília.
Um alerta de advertência para calor extremo foi emitido para dez cidades italianas, incluindo Roma, Bolonha e Florença. Na terça-feira, um homem de 40 anos morreu após desmaiar no norte da Itália. A mídia italiana informou que o operário de 44 anos estava pintando faixas de pedestres na cidade de Lodi, perto de Milão, antes de desmaiar devido ao calor. Ele foi levado a um hospital, mas morreu mais tarde.
A onda de calor foi batizada de Cérbero pela Sociedade Meteorológica Italiana, uma referência ao monstro de três cabeças que é descrito em Inferno, a primeira parte da obra Divina Comédia, de Dante Alighieri.
E Cérbero deve ser seguido por outra onda de calor, a Caronte – referência ao barqueiro da mitologia grega que conduzia pessoas recém-falecidas ao mundo dos mortos -, com temperaturas ainda mais altas. Espera-se que a área de alta pressão atinja seu calor máximo no início da próxima semana – com temperaturas acima de 40°C em Roma, Florença e Bolonha. Em partes da Sardenha a previsão de até 47°C.
O calor não atinge apenas a Itália. A Espanha também está sendo afetada há dias por temperaturas de até 45°C na Andaluzia e Múrcia. Em Mallorca, as temperaturas também já chegaram a 40°C.
Na Grécia, as pessoas também estão se preparando para extremos. Muitas comunidades mantêm salas com ar-condicionado abertos para fornecer alívio para idosos.
Na Turquia, o serviço meteorológico alerta para calor intenso no fim de semana. No oeste do país, as temperaturas nos próximos dias devem ficar até dez graus acima do habitual para a estação. Em Antália, uma cidade popular com turistas, são esperadas temperaturas de até 42°C no fim de semana.
Calor matou mais de 60 mil em 2022
Na segunda-feira, um estudo publicado nesta pela revista científica Nature Medicine apontou que cerca de 61 mil pessoas morreram de calor na Europa durante o verão de 2022 no Hemisfério Norte.
O estudo, elaborado por cientistas de um instituto de saúde francês e do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), ainda alertou que o continente poderá enfrentar mais de 94 mil mortes por ondas de calor em 2040.
O verão de 2022 foi o mais quente registrado até hoje na Europa, com sucessivas ondas de calor que causaram recordes de temperatura, seca e incêndios florestais.
Os cientistas analisaram dados de temperatura e mortalidade para o período 2015-2022 em 823 regiões de 35 países europeus, com uma população total de mais de 543 milhões de pessoas. Com base nesses dados, construíram modelos epidemiológicos que permitem prever a mortalidade atribuível às temperaturas para cada região e semana do período de verão (boreal) do ano passado. No total, a análise revela que, entre 30 de maio e 4 de setembro de 2022, ocorreram 61.672 mortes atribuíveis ao calor na Europa. Uma onda de calor particularmente intensa, entre 18 e 24 de julho, causou 11.637 mortes.
Recentemente, o Serviço Copernicus para as Mudanças Climáticas (C3S), órgão da União Europeia, informou que o último mês de junho foi o mais quente desde 1991, com temperaturas recordes registradas tanto em terra quanto nos oceanos.
Levando em conta a média de temperaturas globais, junho de 2023 ficou 0,53 ºC acima dos índices registrados entre 1991 e 2020 no mesmo período, superando “substancialmente” o recorde anterior, de 2019.
Ainda segundo o órgão europeu, dados preliminares indicam que 4 de julho foi o dia mais quente já registrado, com temperatura média global de 17,03 ºC, quebrando um novo recorde que havia sido estabelecido no dia anterior, de 16,88 ºC.