A preparação de Lula para o debate da TV Globo, nesta quinta-feira (29), sobre temas ligados à corrupção será mais intensa do que foi para o debate realizado pela Band, no mês passado. Conselheiros da área jurídica que já treinaram o petista vão repetir o esquema que fizeram na entrevista concedida ao “Jornal Nacional”.
A estratégia segundo a coluna de Bela Megale, é que o ex-presidente tenha na ponta da língua argumentos para rechaçar as acusações de corrupção que partirão especialmente de Bolsonaro. A avaliação de parte da campanha é que, no debate da Band, a orientação para que Lula focasse na economia e evitasse os temas ligados à corrupção “atrapalhou” seu desempenho. Por isso, esse ala defende que o plano para o programa da TV Globo precisa ser outro.
Um dos pontos que o petista está sendo preparado para rebater é a frase repetida por Bolsonaro de que não teria sido absolvido na Lava-Jato. Se o tema for colocado no debate, Lula listará processos nas quais houve decisão judicial de absolvê-lo. O principal deles, na avaliação de conselheiros jurídicos da campanha, é o chamado “quadrilhão do PT”.
Em 2019, a Justiça Federal de Brasília absolveu os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff do delito de organização criminosa. O magistrado alegou que a denúncia contra os petistas feita pelo Ministério Público Federal era “tentativa de criminalizar a atividade política”. Outro caso que deve ser apresentado por Lula como exemplo de sua absolvição diz respeito à uma acusação de obstrução de Justiça feita em decorrência da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral.
A tônica é argumentar que Lula só teria sido condenado em ações conduzidas por um juiz parcial, em referência a Sergio Moro.
O ex-presidente também está sendo abastecido com dados para abrir artilharia contra Bolsonaro. Além de apontar os decretos de sigilo impostos pelo governo atual e intervenções que impedem o avanço de investigações de casos de corrupção, o petista deve explorar a compra de imóveis com dinheiro em espécie pelo clã Bolsonaro revelada pelo site “Uol”. Outro ponto que Lula foi recomendado a reiterar é que seu governo foi o que mais assinou tratados internacionais de compromisso com o combate à corrupção, como a Convenção de Mérida e de Palermo.