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Vista do porto de Felixstowe, no Reino Unido. Foto: BEN STANSALL/AFP
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domingo 21 de agosto de 2022 às 18:22h

Greve no maior porto de cargas britânico reforça a pressão por aumentos de salários no país

MUNDO, NOTÍCIAS


Após três dias consecutivos de greves que interromperam o transporte, principalmente ferroviário, agora é o porto de Felixstowe que é afetado. Esta é a primeira paralisação desde 1989 neste porto do leste da Inglaterra, que movimenta cerca de quatro milhões de contêineres por ano.

Cerca de 1.900 membros do sindicato Unite, entre operadores de guindastes e máquinas, bem como estivadores, deixaram o trabalho para exigir uma reposição salarial. O movimento ocorre em meio a uma grande crise do poder aquisitivo no Reino Unido.

A inflação atingiu 10,1% em julho em relação ao mesmo período do ano passado, e pode ultrapassar 13% em outubro, o nível mais alto para um país do G7. O Banco da Inglaterra (BoE) está recebendo críticas do governo, de economistas e de ex-líderes da instituição, que o acusam de ter permitido essa situação.

A pressão inflacionária tem provocado uma série de movimentos grevistas. Os protestos, que envolvem dezenas de milhares de trabalhadores, começaram em junho e representam os maiores dos últimos 30 anos.

A gigante de telecomunicações BT enfrentará a sua primeira greve em décadas, assim como os funcionários da Amazon e o setor de coleta de lixo.

Os preços dispararam no Reino Unido principalmente devido ao aumento do gás, produto do qual o país é altamente dependente e que ficou mais caro devido à guerra na Ucrânia. As interrupções nas cadeias de suprimentos e a falta de trabalhadores, como resultado da epidemia de Covid-19 e do Brexit, agravam ainda mais a situação.

Greve pode se estender para outros setores

De acordo com o sindicato que convocou a greve em Felixstowe, a paralisação terá um forte impacto no porto, por onde transitam cerca de 2 mil cargueiros anualmente. “Felixstowe é muito lucrativo. Os últimos números mostram que, em 2020, teve um lucro de £ 61 milhões ( US$ 72 milhões de dólares)”, disse a secretária-geral da Unite, Sharon Graham. “A empresa matriz, CK Hutchison Holding Ltd, é tão rica que no mesmo ano distribuiu £ 99 milhões aos seus acionistas. Eles podem, portanto, dar aos trabalhadores de Felixstowe um aumento salarial adequado”, acrescentou.

Os funcionários do porto de Felixstowe disseram que estavam  “decepcionados que a Unite não aceitou a oferta de cancelar a greve e vir à mesa para discussões construtivas para encontrar uma solução”.

A empresa, por sua vez, diz ter proposto um aumento salarial que lhe parece “justo”, de 8% em média, e cerca de 10% para os salários mais baixos. A autoridade portuária disse que “lamenta o impacto desta ação nas cadeias de distribuição britânicas” e que está trabalhando com seus clientes “para limitar a interrupção”.

Uma fonte do porto, no entanto, disse à agência de notícias PA que as greves seriam um “inconveniente e não um desastre”, dizendo que a cadeia de suprimentos estava acostumada a interrupções desde a pandemia.

O operador do porto especificou que um plano de emergência seria implementado no local e que se esforçaria para minimizar as consequências do movimento grevista, que vai durar até 29 de agosto.

Segundo analistas, a greve de Felixstowe e as paralisações registradas esta semana nos transportes públicos, no metrô de Londres ou nos correios constituem um movimento social que pode ultrapassar o verão e se estender à educação e à saúde, atividades cujos sindicatos classificam as ofertas de reposição salarial como “miseráveis”.

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