Dois em cada três eleitores brasileiros desaprovam o trabalho dos deputados federais, ante 29% que estão satisfeitos com a atuação da Câmara, conforme pesquisa Quaest feita a pedido da escola de formação política RenovaBR. Em contrapartida, somam 66% dos entrevistados os que não lembram o próprio voto para o Legislativo nas eleições de 2018.
De acordo com o levantamento, feito no mês de junho, o Senado tem imagem muito próxima à da Câmara, com 63% de desaprovação (três pontos a menos que os 66% relacionados aos deputados) e 30% de aprovação.
Os políticos em geral são aprovados por apenas um quarto dos eleitores e reprovados por 73% dos entrevistados. Esse olhar crítico ajuda a explicar por que 86% responderam que seria bom se houvesse alta renovação do Congresso nas eleições deste ano, contra 6% que consideram essa hipótese ruim e 5% indiferentes.
Foram entrevistados presencialmente 1.544 eleitores entre 8 e 12 de junho. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais, e o intervalo de confiança, de 95%.
Mais da metade dos eleitores (55%) admitiu não saber o que um deputado federal faz, ante 44% que disseram ter conhecimento das atribuições dos parlamentares. As propostas dos candidatos (48%) e o fato de ser da cidade ou região do eleitor (32%) são os dois principais motivos apontados pelos entrevistados para a escolha do voto.
Essa decisão costuma ser tomada pelo menos um mês antes do pleito por 47% dos eleitores, mas 12% disseram definir um nome 15 dias antes e 36%, na última semana ou a menos de 7 dias de ir à urna.
Família tem maior influência que políticos
A pesquisa Quaest também perguntou quais opiniões são levadas em consideração na hora de se escolher em quem votar para a Câmara. Familiares e parentes são os mais ouvidos, com 22% que dizem considerar muito essa opinião e 27%, considerar um pouco.
Em seguida, aparecem os candidatos a presidente, com 19% dos eleitores considerando muito, os prefeitos (17%) e os candidatos a governador (14%). Padres, pastores e demais lideranças religiosas são muito consideradas por 11% e celebridades de TV ou influencer são os menos considerados, ambos com 4%.
O peso dessas opiniões, porém, varia conforme a identificação ideológica dos eleitores e a região em que vivem. Entre os entrevistados à direita, a família é muito considerada por 29%, índice que cai para 19% na esquerda e 17% no centro. Os centristas majoritariamente dizem não considerar a opinião dos outros e indicam, predominantemente, decidir individualmente em quem votar para a Câmara.
No recorte regional, é nas regiões Norte (31%) e Nordeste (26%) em que os familiares são mais ouvidos. No Centro-Oeste, o peso mais forte é do candidato a presidente: 28% consideram muito a opinião dos presidenciáveis na escolha do candidato a deputado. No Sudeste, há empate técnico entre os que consideram muito os parentes (21%) e os presidenciáveis (20%), e no Sul há um empate técnico triplo entre candidatos a presidente (13%), prefeitos (13%) e padres, pastores e líderes religiosos (12%).
“A pesquisa mostra que o brasileiro está pessimista, mas quer mudar o Congresso via eleições, o que nos traz esperança. Mais que isso, indica que a população quer gente com propostas sérias e que demonstre que se preparou para ocupar o cargo”, afirma o fundador do RenovaBR, Eduardo Mufarej no canal CNN.
“Há menos espaço para demagogos, o que não quer dizer que a tarefa seja fácil para quem quer se eleger, pois muitos brasileiros se decidem de última hora, e o candidato que quiser sair na frente vai precisar saber chegar até o eleitor com qualidade de propostas e preparo.”