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sexta-feira 11 de fevereiro de 2022 às 16:05h

Pesquisa após pesquisa, nada muda: por que campanha de 2022 está congelada?

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Conforme escreveu Ricardo Kotscho, Colunista do UOL, ao contrário das campanhas anteriores, a divulgação de pesquisas este ano já não provoca fortes emoções, com o sobe e desce de candidatos, o cruzamento das curvas, a abertura e o fechamento da “boca do jacaré”, apontando para vitoriosos ou derrotados.

A sete meses e meio da abertura das urnas, por que o cenário da eleição de 2022 já parece congelado, com posições consolidadas?

Desde os últimos meses do ano passado, assim como as primeiras divulgadas em 2022, as pesquisas de todos os principais institutos apresentam resultados praticamente iguais, com pequenas oscilações dentro da margem de erro.

A única dúvida que resta neste momento é se haverá ou não segundo turno, com Lula muito próximo de liquidar a fatura já no dia de 2 outubro, como mostraram os últimos levantamentos do Datafolha, em dezembro, e da Quaest, esta semana.

Na nova pesquisa Ipespe divulgada nesta sexta-feira, Lula aparece com 43%, enquanto todos os adversários somados têm 46%. Na comparação com o levantamento anterior, de duas semanas atrás, Lula caiu um ponto e Bolsonaro subiu um ponto, chegando a 25%. Moro e Ciro continuam empatados, com 8%. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.

Em caso de haver segunda rodada, Lula ganha de todos também por uma margem sempre superior a 20 pontos, apontam todas as pesquisas de outubro para cá.

“A estabilidade de Lula nas projeções de segundo turno é impressionante”, constata Felipe Martins, diretor da Quaest, em entrevista à Carta Capital.

No levantamento da Quaest, Lula tinha 45% no primeiro turno, contra 42% dos outros somados.

Dois dados podem explicar este cenário congelado: os índices de voto espontâneo e de rejeição dos candidatos.

Na pesquisa espontânea do Ipespe, Lula tem 36% e Bolsonaro registra 24%, enquanto Moro e Ciro têm 4%. Na rejeição, Bolsonaro atinge 62%, seguido de Doria (59%), Moro (55%) e Ciro 45%. Entre os candidatos que continuam no jogo, Lula tem a menor rejeição (43%).

Felipe Martins explica que os eleitores de Lula e Bolsonaro são os mais engajados e já estão com os votos decididos, o que impede o crescimento dos candidatos da terceira via. Outro fator daí decorrente é a expectativa de vitória, que favorece os dois primeiros e desanima os eleitores dos demais.

Esse cenário sem novidades nas pesquisas poderá mudar a partir de março, quando voltam os programas partidários no rádio e na TV (os programas eleitorais de propaganda do TRE só começam em agosto).

Também ao contrário de eleições anteriores, segundo Ricardo Kotscho, a esta altura da campanha, só um candidato está nas ruas: o presidente Jair Bolsonaro, que transforma atos oficiais em comícios, usando a estrutura do governo, praticamente desde que tomou posse. Bolsonaro nunca desceu do palanque e ainda tem as suas lives semanais das quintas-feiras para fazer companha sem parar.

Os demais candidatos, incluindo Lula, o líder absoluto nas pesquisas, ainda limitam suas campanhas a entrevistas em emissoras de rádio, encontros com pequenos grupos em ambientes fechados e mensagens nas redes sociais, ainda dominadas por Bolsonaro, que mantém a superestrutura montada pelo filho Carlos, o 02, na campanha de 2018 e levada para o governo.

Como a pandemia ainda não acabou e mata quase mil pessoas por dia com as novas variantes do vírus da Covid-19, as campanhas também temem promover grandes concentrações por enquanto, até porque ainda não há clima para isso, com as pessoas mais preocupadas em arrumar emprego, comprar comida e pagar as contas no fim do mês.

Quem anda pelas ruas também não vê nenhum sinal de que teremos eleições em outubro. Nada de camisetas de candidatos, adesivos, jingles, cartazes, tudo aquilo que pode motivar o eleitor a se interessar pelas campanhas fora das redes sociais, onde se dá a verdadeira disputa até agora.

2022 é um ano eleitoral atípico, o mais gelado desde a redemocratização, com grandes margens de diferença nas intenções de voto, que permanecem imutáveis há vários meses, à espera de um fato novo que não acontece, para desespero dos arautos da terceira via na imprensa.

Sempre é bom lembrar, porém, que somos um país imprevisível, como vimos em 2018, quando a facada em Bolsonaro e a prisão de Lula mudaram tudo. Antes disso, Lula também tinha o dobro das intenções de voto de Bolsonaro, e Ciro Gomes era mais uma vez o candidato da terceira via, lugar que ele agora disputa cabeça a cabeça com o ex-juiz Sergio Moro, ambos bem distantes da ponta da tabela nas pesquisas.

Por isso, eu (Ricardo Kotscho)não faço previsões, apenas fotografo o momento. Quem quiser pode fazer suas apostas aqui na área de comentários, que é uma tribuna livre.

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