As aulas presenciais na rede pública de 73,7% das cidades brasileiras ainda não retornaram. É o que aponta um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado nesta sexta-feira (15).
O medo causado pela variante Ômicron e a expectativa por coberturas maiores da vacinação infantil são os motivos pela cautela no retorno, aponta o estudo. Os dados foram compilados entre 31 de janeiro e 3 de fevereiro, a partir da resposta de 1,8 mil prefeituras.
O documento também mostra que uma em cada dez cidades brasileiras ainda não tem nenhuma previsão de retorno das aulas presenciais, em função da expectativa sobre o cenário epidemiológico da região.
Para o especialista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Raphael Guimarães, a vacinação infantil é fundamental para a retomada das atividades presenciais nas unidades de ensino.
“A atividade in loco induz maior aglomeração. Vacinar as crianças é prioridade absoluta para que esse retorno seja seguro. Muitos países colocaram as aulas como uma das últimas atividades que deveria voltar de forma presencial”, disse Raphael Guimarães.
Com o intuito de acelerar o retorno presencial, a pesquisa da CNM mostra que 96% das cidades já começaram a vacinar as crianças de 5 a 11 anos. No entanto, quase 20% dos municípios estão com escassez de imunizantes.
Sobre a obrigatoriedade da imunização para a realização da matrícula do aluno na rede municipal, 21% das prefeituras afirmam que vão cobrar o passaporte da vacina. Já 26,6% disseram que não vão obrigar a comprovação, enquanto 51% das cidades brasileiras ainda analisam a possibilidade.
Apesar da preocupação com a Covid-19, a Associação Brasileira de Educação Infantil (Asbrel) emitiu uma nota à CNN destacando a importância do retorno às aulas. Segundo o comunicado, a privação do contato presencial é ‘muito’ prejudicial para as crianças mais jovens.
“É na escola que as crianças têm o primeiro contato com a sociedade, fora do ambiente do lar. A escola não é somente um lugar de aprendizagem pedagógica. No caso da Educação Infantil em especial, representa um espaço de socialização e de inter-relação”, esclareceu Frederico Venturini, vice-presidente da Asbrei.