O secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, mudou o tom conforme o jornal Tribuna, sobre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cinco meses após o rompimento com o tucano. Neto e Doria romperam politicamente após o gestor paulista tirar o vice-governador Rodrigo Garcia do DEM para se filiar ao PSDB. Na época, o ex-prefeito soteropolitano afirmou que Doria era despreparado para “liderar um projeto nacional” e declarou não tinha “chance nenhuma, zero” de apoiar para presidente da República. “Acabou de implodir qualquer chance de ter o DEM com ele”, frisou.
Na semana passada, em entrevista à Rádio Bandeirantes de São Paulo, Neto adotou um tom mais moderado, e disse que, se Doria vencer as prévias do PSDB, irá conversar com o partido. O governador de São Paulo disputa a indicação interna do partido para ser candidato ao Palácio do Planalto com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. “Caso o governador João Doria seja escolhido nas prévias do PSDB, que é um direito que assiste ao PSDB e aos seus filiados, não vamos deixar de conversar com o PSDB. Mas registrando que eu acho que o governador Eduardo Leite do Rio Grande do Sul tem uma postura mais agregadora”, disse Neto.
O secretário-geral do União Brasil afirmou ainda que não tem “problemas pessoais” com Doria, mas manteve as críticas ao governador paulista. “Eu acho que o governador João Doria não tem um perfil tão agregador. Não sou tucano, não voto nas prévias do PSDB, eu não tenho que me meter no ninho tucano, mas, como cidadão e político, posso dar a minha opinião. Eu vejo no governador Eduardo Leite alguém com capacidade de agregar bem maior. Não acho que o governador Eduardo Leite uma vez escolhido nas prévias vai querer impor uma candidatura a todo e qualquer custo. Sentado depois para conversar com PSDB tendo Eduardo Leite escolhido, eu acho que vai ser muito mais fácil do que tendo o governador João Doria. O que parece e sinais que ele (Doria) vem dando é de que, caso seja escolhido nas prévias no PSDB, ele vai querer ser candidato de todo e qualquer jeito. Aí não dá. Aí é um projeto individual acima do coletivo”, pontuou Neto.
No início deste ano, além de Doria, Neto também rompeu com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal licenciado Rodrigo Maia. Maia queria que o então DEM apoiasse o candidato Baleia Rossi (MDB) na briga pela presidência da Câmara, mas Neto decidiu que o partido ficaria neutro e provocou uma ira do parlamentar. Os dois, no entanto, tem se reaproximado politicamente. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Neto admitiu que tomou um café da manhã com Rodrigo Maia.
“Foi um café da manhã organizado pelo (ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta. Participamos eu, Rodrigo, (Ronaldo) Caiado (governador de Goiás) e Mandetta. Dos dois lados, nós fizemos a opção de não tratar do passado, das coisas que aconteceram nesses nove meses de 2021. Temos uma relação construída em 20 anos, nos quais os últimos nove meses foram de absoluta divergência. Foi uma conversa em tom ameno, conciliador. Um dia, talvez, quem sabe, vale a pena entrar nos últimos nove meses, quando tiver mais distante o que aconteceu. Acho que agora foi mais uma oportunidade de começar do zero do que lavar roupa suja”, disse Neto. Perguntado se Maia pode se filiar ao União Brasil, Neto disse: “não sei. Não tratamos sobre isso”.