O Prêmio Maria Felipa da Câmara Municipal de Salvador ocorrerá de forma online neste ano devido à pandemia do novo coronavírus. O evento foi gravado pela TV Câmara no dia 19 e será exibido no dia 25, às 16 horas, Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Atualmente, a vereadora Ireuda Silva (Republicanos) está à frente da premiação. Suas redes sociais também transmitirão a solenidade.
A ideia da honraria é homenagear mulheres negras que se destacam na luta contra o racismo, por mais espaços e direitos. Neste ano, 12 nomes integram a lista de premiadas: Ana Amélia (médica oncologista), Ashley Malia (jornalista), Flávia Barreto (major da PM, Ronda Maria da Penha), Carolina Santana (guarda municipal), Juliana Galvão (psicóloga), Luana Assis (jornalista), Noemia Araújo (liderança comunitária), Charlene da Silva Borges (defensora pública federal), Jeane Cordeiro de Oliveira (empresária), inspetora Amado (Guarda Municipal), Carol Barreto (estilista) e Ana Teles (empreendedora).
No ano passado, em sua edição de 10 anos, o Prêmio Maria Felipa foi realizado no Centro de Cultura da Câmara de Salvador e teve recorde de público. Na ocasião, foram premiados nomes como Maria Angela, diretora da Netflix Brasil; a atriz e produtora Maria Gal; Cristiane Brito, da Guarda Municipal de Salvador; e Rita Brito, coordenadora do movimento Novas Felipas.
Importância do tema
“Como é de costume, nossa vontade era promover um evento digno da importância do tema e dessas verdadeiras guerreiras que estamos homenageando. Mas, com a pandemia, nossa alternativa foi realizar a cerimônia online. Isso nos deixa tristes, mas não podíamos interromper a tradição. Além disso, celebrar a luta contra o racismo também é uma forma de resistência e de manter a voz ativa. Não podíamos nos render ao silêncio”, diz Ireuda, que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente do colegiado de Reparação.
“A Bahia e o Brasil ainda sofrem com a discriminação racial, que segrega e mutila direitos fundamentais. Nesse contexto tão cruel e que ainda guarda resquícios da escravidão, as mulheres negras são duplamente vitimadas, já que o preconceito tem natureza racial e de gênero”, prossegue a vereadora.
“Desse modo, penso que este dia e este prêmio são o mínimo que podemos fazer para reafirmar o nosso posicionamento, mostrar que nós, mulheres negras, estamos aqui, que somos peças fundamentais da história do Brasil e da Bahia. E que lutamos constantemente para melhorar a realidade de nós todas”, completa a vereadora.
Líder
Maria Felipa de Oliveira foi uma marisqueira e pescadora que viveu na Ilha de Itaparica. Assim como Joana Angélica e Maria Quitéria, ela lutou pela Independência da Bahia. Em 1823, liderou um grupo composto por mais de 200 pessoas, entre as quais estavam índios tupinambás e tapuias, além de outras mulheres negras, nas batalhas contra as tropas portuguesas que atacavam Itaparica. Conta-se que o grupo foi responsável pela queima de pelo menos 40 embarcações portuguesas.