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quarta-feira 3 de agosto de 2022 às 09:25h

5G: Empresas apostam em redes privadas e devem investir R$ 10 bilhões em 5 anos

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Robôs capazes de operar em tempo real na linha de montagem de carros. Sensores e câmeras com inteligência artificial que medem a temperatura corporal de galinhas. Realidade virtual na agência bancária.

Segundo Bruno Rosa, do O Globo, é assim que empresas dos mais variados portes e setores iniciaram uma corrida para levar o 5G puro (chamado de standalone) para dentro de suas operações, com a construção de redes privadas em parceria com empresas de telecomunicações e tecnologia.

O 5G puro está disponível a partir desta quinta na cidade de São Paulo. A nova tecnologia, que permite velocidade até cem vezes maior que a rede atual, já foi lançada comercialmente em Brasília, Belo Horizonte, João Pessoa e Porto Alegre.

A previsão é que todas as capitais tenham a nova rede até o fim de agosto, exceto Manaus e Belém, segundo a Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel). A partir de 2023, cidades menores entram no mapa do 5G.

A frequência do 5G para redes privadas é a mesma que será usada pelo consumidor. A diferença é que as empresas podem contratar um “pedaço” da frequência, de forma exclusiva, com a construção de infraestrutura própria, sob medida para atender necessidades tecnológicas, como alta velocidade, precisão e ausência de falhas de transmissão.

Experiências presenciais

Segundo previsão da gigante americana Qualcomm, o potencial de investimento no desenvolvimento e manutenção de redes privadas é de R$ 10 bilhões nos próximos cinco anos. Estudos iniciais de companhias de tecnologia preveem aumento de 10% a 15% na eficiência, com produção maior.

De olho nas galinhas. Leandro Pinto, presidente da Mantiqueira, espera chegada do 5G para monitorar produção em tempo real — Foto: Divulgação
De olho nas galinhas. Leandro Pinto, presidente da Mantiqueira, espera chegada do 5G para monitorar produção em tempo real — Foto: Divulgação

O Grupo Mantiqueira, líder no segmento de avicultura na América Latina, com produção de 3 bilhões de ovos por ano, está de olho nesses números, diz o presidente da empresa, Leandro Pinto:

— Estou esperando chegar a rede 5G pura para iniciar o investimento e ter essa nova conexão para ver as aves em tempo real, a hora em que as galinhas comem, acompanhar a temperatura corporal com dados que ajudem a apontar melhorias no processo e aumentar a produtividade. Já estou fazendo essa tomada de preços.

Segundo Pinto, a ideia é iniciar a rede 5G na unidade de Lorena, em São Paulo, e depois na de Formosa, Goiás:

— Quero integrar esse processo com maior conectividade. O 5G vai ajudar na rastreabilidade do produto entre fornecedores e consumidores. Vai tornar tudo mais rápido, pois com as imagens em tempo real não será preciso ir até os locais para verificar determinados processos — diz.

A Gerdau selou parceria com a Embratel para conectar a unidade de Ouro Branco, em Minas Gerais, de 8,3 milhões de metros quadrados, com 5G. Segundo Gustavo França, diretor global de TI e Digital da Gerdau, em 2023, a meta é alcançar conexão com velocidade de 8,3 gigabytes (GB) por segundo:

— Além da conectividade, estamos trabalhando em aplicações. Queremos usar a internet das coisas para monitorar a linha férrea na unidade. Outra iniciativa é a de vídeo com capacidade de análise para detectar movimentação interna. Câmeras sempre tivemos, mas com fibra e cabos. Imagina isso tudo sem fios. Você ganha mais liberdade para movimentação de equipamentos.

Em São Paulo, o Itaú acelera investimentos. A rede, que já conta com agências testando o 5G no Brooklin, na capital paulista, busca maior disponibilidade de conexão e eficiência para a operação do banco, que tem quatro mil agências.

Fábio Napoli, diretor de Tecnologia do Itaú Unibanco, diz que será possível tornar as operações financeiras mais rápidas e criar experiências presenciais:

— Precisamos de banda disponível para suportar aplicações baseadas em transmissões de vídeo e baixo tempo de resposta para prospectar cenários de uso com interação a distância, como aplicações de realidade virtual.

Segundo Silmar Palmeira, diretor sênior de Produtos para Qualcomm na América Latina, o 5G vai permitir uma nova fase na digitalização industrial e criar serviços para o consumidor. Ele destaca experiências digitais no comércio eletrônico, por meio de aplicações como as de realidade virtual e inteligência artificial.

Objetivo da Qualcoom com o 5G é aumentar a eficiência — Foto: Divulgação
Objetivo da Qualcoom com o 5G é aumentar a eficiência — Foto: Divulgação

E lembra que, nas fábricas, sensores e drones com câmeras vão monitorar temperatura, pressão e até pessoas:

— O objetivo central é aumentar a eficiência. Provas de conceito indicam alta de 10% a 15% na eficiência, com maior produção, seja usando sensores, câmeras e drones conectados com inteligência artificial. Na prática, o 5G vai permitir tudo em tempo real, como detectar falhas, corrigir e fazer a execução correta. E, com fábricas conectadas, as empresas vão desenvolver aplicações específicas aos seus clientes.

Estudo do IDC aponta que, nos próximos cinco anos, as empresas no Brasil — lideradas por energia, varejo, agricultura, financeiro e mineração — vão gastar US$ 43 bilhões no desenvolvimento de ferramentas como robótica e realidade virtual e aumentada. O potencial para o 5G é grande. Existem 1.088 redes privadas em operação no país com tecnologias 2G, 3G e 4G, segundo dados da Anatel.

A Bosch tem feito estudos sobre a rede 5G privada, de olho na segurança de dados na manufatura. Para Julio Monteiro, diretor industrial da companhia, com a maior integração entre pessoas, máquinas e dados, haverá mais autonomia e produtividade:

— Além das fábricas, estamos atuando como provedora de soluções para que a cadeia produtiva esteja conectada.

Huawei vai concentrar esforços em robótica e inteligência artificial — Foto: Divulgação
Huawei vai concentrar esforços em robótica e inteligência artificial — Foto: Divulgação

Dados da chinesa Huawei mostram que, até 2030, 87% dos gastos da empresa em TI vão se concentrar em sistemas de nuvem computacional, e o restante, em inteligência artificial e robótica. Segundo Carlos Roseiro, diretor de Soluções Integradas da empresa, serão, em média, 39 robôs para cada mil funcionários:

— O mundo deverá ter 1 milhão de redes privadas em 2030 — prevê.

De plataformas em alto-mar a robôs no agronegócio

A Petrobras também já se prepara para incluir o 5G em suas operações ainda este ano. A estatal está investindo em uma rede privada que vai conectar plataformas em alto-mar, refinarias e armazéns.

Luís Felipe de Araújo, gerente-geral de Telecomunicações da Petrobras, lembra ainda que a companhia trabalha com programas que têm o objetivo de desenvolver aplicações, como o uso de óculos de realidade aumentada, com startups da área de tecnologia:

— Com o 5G, são previstos ganhos de produtividade, incluindo operação remota, digitalização de processos, redução da quantidade de pessoas expostas ao risco e aumento da eficiência de produção. Para isso, serão empregadas tecnologias como internet das coisas, realidade mista e aumentada, dispositivos vestíveis, robôs e drones — diz Araújo.

Wendell Oliveira, diretor-presidente da Ligga Telecom, destaca projetos com empresas de agronegócio, hospitais e estádios de futebol. Ele diz que usar robôs no agronegócio pode reduzir em 40% o custo com produtos de combate a pragas:

— São projetos em fase de concepção, mas a implementação deve iniciar em 2022.

TIM, Embratel e Vivo já fazem testes com dezenas de empresas. São soluções 5G que vão de drones na agricultura com câmeras que transmitem a imagem diretamente para um banco de dados na nuvem ao uso de óculos de realidade virtual, que envia a imagem captada na rua para o centro de comando da empresa.

— Temos um projeto com a Stellantis, com câmeras na linha de montagem que reconhecem em tempo real cada tipo dos cem modelos de carro que estão sendo fabricados. Antes, essa verificação era manual. Além disso, a montadora identificou mais outros 20 casos de uso. No Piauí, temos um projeto com uma empresa que tem colheitadeira que opera de forma remota com 5G — conta Leonardo Capdeville, vice-presidente de Tecnologia da TIM.

A Vivo, por sua vez, tem um projeto em conjunto com a Vale. Alex Salgado, vice-presidente B2B da Vivo, explica que o projeto otimiza o uso de equipamentos autônomos que exigem cobertura em áreas amplas e tráfego para um volume expressivo de dados.

— O projeto impulsionou o programa de veículos autônomos da Vale, aumentando a segurança. Os autônomos trazem também ganhos de eficiência operacional ao reduzir o consumo de combustível e os gastos com manutenção. A rede está disponível nas minas de Carajás (no Pará) e de São Gonçalo do Rio Abaixo (em Minas Gerais).

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