3 milhões contestam ao INSS e desvios somam mais de R$ 300 milhões ao mês

Não atua, a popularidade do presidente Lula da Silva (PT) sofre forte queda nas mais recentes pesquisas de opinião, impulsionada por uma série de escândalos que atingem diretamente o governo federal. O caso mais recente envolve uma fraude bilionária no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cujos impactos seguem sendo revelados.

Na última sexta-feira (6), o INSS divulgou o balanço do vigésimo quarto dia de consulta dos descontos feitos por entidades associativas diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas. Até as 17h daquele dia, mais de 3 milhões de beneficiários já haviam contestado os descontos que, segundo denúncias, foram feitos sem autorização. Estima-se que os desvios mensais possam ter ultrapassado R$ 300 milhões, considerando uma média de R$ 100 descontados de cada aposentado. A maior parte das reclamações foi registrada por meio do atendimento presencial nas agências dos Correios, em uma ação emergencial para conter o descontentamento generalizado.

O caso, apelidado nas redes sociais de “Golpe da Folha”, acendeu o alerta não só entre parlamentares da oposição, mas também em setores do próprio governo, que cobram explicações e responsabilização. O Ministério da Previdência afirmou que está colaborando com investigações internas e que medidas de ressarcimento estão sendo avaliadas, mas as respostas têm sido vistas como lentas e insuficientes.

Esse escândalo se soma a outras crises que desgastam a imagem do governo, como o uso indevido do sistema PIX por órgãos e agentes públicos em esquemas que envolvem transferências fracionadas e tentativas de driblar mecanismos de fiscalização. Relatórios preliminares apontam que milhões de reais podem ter sido desviados por meio de fraudes estruturadas com o uso do sistema de pagamento instantâneo — criado originalmente para facilitar a vida da população.

Além disso, há suspeitas sobre contratos irregulares, favorecimento político em licitações e uma série de estemas administrativos envolvendo ministérios e empresas estatais, que vêm sendo investigados por tribunais de contas e pelo Ministério Público.

Esse acúmulo de denúncias começa a se refletir de forma clara na opinião pública. De acordo com uma pesquisa nacional divulgada nesta semana pelo Instituto Paraná Pesquisas, a aprovação do governo Lula caiu de 48% para 39% em menos de dois meses, enquanto a rejeição subiu de 36% para 46%. É o pior índice desde o início do terceiro mandato do petista.

Analistas políticos avaliam que a sucessão de escândalos começa a desgastar não apenas a imagem do presidente, mas também a confiança em instituições públicas. “O brasileiro está sentindo no bolso e na dignidade. A imagem de um governo popular e sensível ao social está sendo corroída por denúncias que tocam diretamente nos mais vulneráveis”, afirma o cientista político Cláudio Amaral.

Enquanto a pressão cresce, o governo tenta articular uma reação no Congresso e junto à base social, mas enfrenta dificuldades em conter o avanço das investigações e o clima de desconfiança.

A crise parece estar apenas no início. E, para milhões de aposentados lesados, o dano já é concreto.